Dia 19 de Agosto, a Associação Etnográfica Os Serranos volta a organizar a romaria
tradicional a Nª. Srª. Da Guia em Macieira de Alcôba, Águeda. Durante este festival, o folclore serrano é
evocado, mas sobretudo vivido no seu ambiente. É como se todos entrássemos numa
máquina do tempo, programada para o regresso ao final do século XIX.
Em 2012, o evento tem reforço de parcerias e ganha uma nova
valência: a da gastronomia tradicional, com o apoio da Confraria
Enogastronómica Sabores do Botaréu e
a presença de representantes de diversas confrarias a nível nacional, para
partilhar as iguarias do farnel romeiro.
Emblemático forno do milagre da Urgueira
Na sexta-feira, dia 17, o almoço é o habitual cozido
serrano, debaixo da sombra e ao som da brisa que roça nas agulhas dos pinheiros
e nas folhagens dos sobreiros e dos carvalhos. No sábado à noite, o forno que
já está a aquecer há dois dias, é posto à prova com caçoilas de carne de ovelha
carqueijeira, para a célebre lapantana da serrania caramulana, para que o serão
seja paladoso e divertido, depois de ter acompanhado a viagem da Nª. Srª. Da Guia,
desde a capela de S.Martinho até à sua ermida.
O domingo, 19 de Agosto, amanhece para ser grande.
Esperam-se milhares de romeiros com os seus farnéis e sete grupos de folclore
de diversas regiões do país, desde o Alentejo até ao Douro Litoral, para encher
de vibrações as três eiras onde o povo se apinha, para ser também parte daquela
festa, por direito e por desejo.
A missa, ao meio-dia, concentra o pico de celebração e
estende-se como a procissão que leva a Senhora da Guia ao longo do parque e em
torno do forno, dando a bênção aos romeiros, aos seus farnéis e bendizendo a
alegria comunitária do povo serrano, elevado à categoria de dom e que deve ser
preservado e tomado como se fosse o oitavo sacramento, tal é o seu valor
espiritual. E na volta ao forno, faz-se a ligação dos rituais que usam o pão
como alimento e como símbolo sagrado das suas tradições. Depois desta sagração,
chegará a altura de entrar o homem no forno, para meter a broa grande e
consumar o ato corajoso, apenas vencido com grande respeito pelas forças da
natureza e também respeito pelo significado místico do pão que alimenta o corpo
e a alma.
Depois de abrir e partilhar os farnéis, a tarde será de
animação sem fadiga, nomeadamente para os sete grupos de folclore que hão-de
pisar cada uma das três eiras e misturar-se com o povo, que também se misturará
nas modas de roda e nos viras.
Sem comentários:
Enviar um comentário